Amelia
quinta-feira, 18 de junho de 2009
Dançar é impregnar corpo de sentimento, é dar-lhe expressividade.
Amelia
segunda-feira, 8 de junho de 2009
Arte = Lazer ?
E essa relutância idelógica veio desde do início de minha formação artística. Meu pai dizia para estudar piano apenas para hobby, para o meu lazer, para que escolhesse outra profissão mais "requisitada" e importante, preferencialmente a dele: médico. Nunca aceitei.
Na verdade eu não acredito que a real função dos artistas é apenas se apresentar nos teatros, nos museus, nas salas de concertos, para o bel prazer das pessoas. Esta além. Esses locais neutros e esses momentos de entreterimento são apenas o primeiro instante, o primeiro passo para que as artes possam concluir sua função: a de humanizar os sentidos.
É isso que tenho para mim, é para isso que pretendo ainda "viver arte".
É necessário se escandalizar, se sensibilizar.
E por isso adorei essa conclusão que o Alexandre Garcia chegou: "a gente não se escandaliza"! Como não nos escandalizamos para tantas outras coisas que acontecem "cotidianamente": a morte e sofrimento pela fome, pela guerra, pelas violência urbana e rural, pela desigualdade social, pela cobiça do dinheiro e poder...e tantas outras mazelas que nos tornamos insensiveis, que nos incapazes de ter compaixão por essa sociedade doentia que vivemos.
Por isso que acredito que nós artistas temos uma obrigação moral com a sociedade: sensibilizar para a compaixão, sensibilizar para a confraternização e sensibilizar para o Amor.
A partir dai, deste momento que nos concientizarmos desse objetivo social da Arte e dos artistas é que podemos reconstruir uma sociedade mais harmoniosa em sua relação intima, mais sensiveis nas relações pessoais e mais fraternas nas relações interpessoais.
sexta-feira, 5 de junho de 2009
"Não há beleza em nenhum tecido se ele causar fome e infelicidade"
No entanto muitos de nós artistas , adminadores e consumidores de arte não chegamos a esse grau de consciência. Histórias como do fotógrafo Kevin Carter nos fazem refletir sobre o fazer arte com ética, a arte como instrumento de ajuda ao próximo e a si mesmo. No caso de Carter creio que ele tenha cumprido seu papel de e jornalista e artista ao sensibilizar e alertar sobre as atrocidades que acontece na África, mas só isso não bastou, os prêmios não bastaram...
No entanto continuamos um tanto acríticos no que se refere ao fazer artístico.Como podemos achar a beleza nas roupas produzidas por uma empresa "da moda" sabendo de situações como esta relatada na reportagem - http://migre.me/1Sku ?
Ou ainda a instalação do artista Guillermo Vargas da Costa Rica quando este deixa em exposição um cachorro morrer de fome em Managuá, Nicarágua e depois foi convidado a representar a Costa Rica na Bienal Centroamericano de Honduras 2008.
Boicote à artistas ou obras de artes que não seguem alguns "padrões éticos"? Creio não ser essa a solução. Mas se há um senso comum que a situação do mundo está chegando ao caos nos valores de convivência e que se não mudarmos nossa maneira de ser e agir no mundo as coisas podem piorar, será que as linguagens artísticas e nós artistas não temos uma função fundamental na construção de um mundo mais ético, mais solidário, mais feliz?
sexta-feira, 8 de agosto de 2008
A revelação do Belo
divindade intermediária entre os deuses e os homens, filho de Expediente e de Pobreza,nascido no mesmo dia em que nasceu Afrodite. Ele é, ao mesmo tempo, belo e pobre,arguto e audacioso, de sua mãe herdou a instabilidade, de seu pai herdou a coragem.É caçador ardiloso, cheio de expedientes, é filósofo e sofista, mágico e feiticeiro, nunca está nem na penúria, nem na opulência. Está sempre entre a ciência e a ignorância, passa sua vida a filosofar, procura sempre o que é bom e belo, está à cata da felicidade.
Sua maneira de agir é gerar na beleza, segundo o corpo e segundo a alma, gerando corpos na harmonia e na beleza, procurando ansiosamente a beleza da alma. O objeto de sua procura é a posse perpétua do que é bom. Não quer prolongar-se somente em uma existência perecível.
O Amor tende à imortalidade, busca a incessante renovação.
Quando procura a glória, quer a eternidade imperecível.
Quando busca a felicidade, quer a totalidade no tempo e no espaço.
Nesta vida, alcança a felicidade por degraus, passando dos bens inferiores aos bens superiores.
Seu termo é a revelação do Belo.
Quando tiver contemplado as belas coisas, umas após as outras, seguindo sua ordem exata, subitamente, se achará diante da beleza suprema! Beleza de natureza extraordinária,
razão de ser de todos os esforços que tentou até então!
Beleza que, em primeiro lugar, é eterna, que ignora a geração e a destruição, o aumento e o decréscimo. Que não é bela em parte e feia em outra, bela para os olhos de alguns e feia para outros, já que não se apresenta como as outras belezas corporais, com um rosto, com mãos, com um corpo, nem como discurso ou um conhecimento, nem encarnada em um ser determinado,
que existia no céu ou na terra.Devemos representá-la como existindo em si mesma,eternamente unida na unidade da forma, unidade rica e indivisível, ao passo que outras belezas dela participam.
Não a atingem as vicissitudes por que passam estas belezas...
A partir das belezas desse mundo, como por degraus, passando dos belos corpos às belas ações,
das belas ações às belas ciências, chega-se, finalmente, ao conhecimento desta Beleza, chega-se à posse da realidade bela por si mesma.
Eis o termo da vida humana.
Para atingir este ponto vale a pena ter vivido!
Chegar à contemplação da Beleza em si mesma, Beleza que te transportará mais do que qualquer outra, beleza pura, sem escória, sem mistura, o belo divino, na unidade de sua forma!
Ao contemplá-la o homem homem torna-se capaz de gerar não somente imagens de virtude
mas o bem verdadeiro!
O homem torna-se caro aos deuses e atingem a imortalidade!
Platão
sexta-feira, 18 de julho de 2008
Velho maniqueísmo...
O Mal é o Bem incoberto pela ignorância.
Não a ignorância pela falta de conhecimento, mas sim, pela falta de sentidos, de sentimentos, de stesia (1)... e é sob a indiferença, que são os seus opostos, é que assola, desmorona e se perde uma conjunto de valores que permite a vivência harmoniosa em sociedade.
O que faremos?
Arte!!!
As artes são antes de tudo expressões, ou seja, são pensamentos e/ou sentimentos que buscando o desvelamento se manifestam através de cores, imagens, sons, movimentos, gostos e cheiros... Numa linguagem própria elas se comunicam de maneira única para cada sentido, para cada percepção sensorial.
Além, a base de sustentação da Arte se encontra na própria Natureza. Não há Arte sem Natureza e não há Arte que contrarie ou negue a Natureza. A Arte nasce e se revela através dos nossos sentidos, que nos são naturais, e todos os recursos que nos apropriamos para uma composição artística também pertecem a Natureza, ou então de onde vieram os princípios das cores, dos sons, dos aromas... não os criamos, apenas podemos modificar, transformar estes "princípios", mas nunca criar! A criação artística vem do que já é dado pela Natureza.
As artes, nesta sociedade anestesiada(1) , pode nos fazer sair dos labirintos obscuros da insensibilidade e da indiferença e nos faça realmente enxergar ao invés de ver, a escutar ao invés de ouvir, a recitar ao invés de falar, a tocar ao invés de pegar, a degustar ao invés de provar...e a partir disso redescubrir o mundo, recriá-lo sob a égide da sensibilidade e da razão.
O mal-estar que a sociedade contemporênea esta passando vem com a crise de sentimentos e sensações de cada pessoa . O ser humano esta perdendo sua capacidade de criar e admirar, e assim, esta perdendo sua capacidade de relação estética(2) com o mundo.
________________________________________________________(1) Grego anisthésis: sem sensações, sem sensibilidade
(2) Do grego aisthésis: percepção, sensação, sensibilidade